ZUMBI DOS PALMARES


Nome :Zumbi
Local e ano do nascimento : Palmares, 1655
Local e ano do falecimento : Serra Dois Irmãos, 1695


Zumbi dos Palmares líder escravo alagoano (1655-1695). Símbolo da resistência negra contra a escravidão, é o último chefe do Quilombo dos Palmares.



Criado pelo padre Antônio Melo, aos 15 anos foge para Palmares e adota o nome Zumbi, que significa guerreiro. Logo ascende ao comando militar do quilombo, governado então por Ganga Zumba. Em 1678, renega um acordo com as autoridades coloniais e provoca uma guerra civil no quilombo. Manda envenenar Ganga Zumba e assume seu lugar. Lidera a resistência contra os portugueses, que dura 14 anos. Com a destruição de Palmares , em 1694, foge com outros sobreviventes e esconde-se na mata. É morto numa emboscada. Seu corpo é mutilado e a cabeça é enviada para o Recife, onde é exposta em praça pública.



O MITO DE PALMARES - Para o poder colonial, destruir Palmares era mais que uma necessidade imposta pelas regras do projeto colonial. Era uma questão de honra. Em 20 de novembro de 1695 era morto Zumbi, o Grande Chefe da "primeira república verdadeiramente livre das Américas".No final do século 16, as terras pernambucanas eram as mais prósperas das novas colônias portuguesas. Fazia poucas décadas que os portugueses tinham pisado ali, mas a Capitania de Pernambuco já era politicamente relevante. Havia 66 grandes engenhos na região e, no litoral, toda uma estrutura de suporte, criada para permitir o escoamento dos produtos. O trabalho frenético dos engenhos se refletia na cidade do Recife, cada dia mais estruturada e organizada.O mesmo não ocorria no sul do país, onde os poucos europeus ali chegados ainda lutavam para conquistar a terra e se instalar de forma definitiva. Eram desbravadores, fundamentalmente. Aliás, sua fama de conquistadores tinha ultrapassado as fronteiras da região. Em todo o país se dizia que os paulistas eram homens valentes e grandes lutadores. Cronistas escreviam que eles eram "criados entre as brenhas, como feras".Foi essa reputação guerreira que, na segunda metade do século 17, levou o governador de Pernambuco a procurar o bandeirante Domingos Jorge Velho, chefe de um bando paulista em ação no interior brasileiro. Queria resolver seu problema maior. Para ele, Palmares já estava deixando de ser preocupação para virar verdadeiro pesadelo.



O SONHO DOS QUILOMBOS - Em Pernambuco falava-se, sobretudo, de Palmares. Ninguém sabia certo onde ficava. Era lá nas montanhas, na parte superior do rio São Francisco, mata fechada, inacessível. Diziam que precisava dias e mais dias para se chegar até esse lugar. Mas ninguém duvidava de que Palmares existisse de verdade.Não eram só histórias. Palmares havia surgido no final do século 16, quando os primeiros negros ali se refugiaram. Desde então, o mito de Palmares não havia feito outra coisa senão crescer e crescer. Era a meta dos que buscavam liberdade, negros, índios e inclusive brancos. Havia lugar para todos.Em 1630, as autoridades pernambucanas calculavam que o quilombo de Palmares contava com uma população superior a 3 mil pessoas. Sabiam o que estavam dizendo. Apoiavam-se no número de fugas escravas que diariamente deviam registrar.Independente do mito, o quilombo de Palmares representou uma estrutura alternativa à sociedade colonial. Os negros viviam da agricultura. Uma agricultura, por sinal, mais avançada que a da colônia. O mundo escravocrata só conhecia a produção de açúcar. Em Palmares plantavam-se milho, mandioca, feijão, cana, legumes, batatas, frutas.Palmares tinha leis que regulamentavam a vida das pessoas, algumas, inclusive, bastante rígidas. Roubo, adultério, deserção ou homicídio eram punidos com a morte. As funções sociais estavam definidas. A autoridade era reconhecida por todos. As decisões mais importantes eram tomadas em assembléias, da qual participavam todos os habitantes adultos. Mais do que isso. Palmares não era apenas uma cidade. Chegou a ser uma rede de cidades. Na metade do século 17, contava onze povoados. Macaco, na Serra da Barriga, era a capital. Possuía 1.500 casas, dos dois lados de ruas espaçosas. Os artesãos trabalhavam em suas oficinas, enquanto outros plantavam e colhiam. As crianças brincavam livres. Havia também igreja para as orações. A população? Mais de 8 mil pessoas. Depois, havia Amaro - com 5 mil habitantes e uma estrutura igualmente bastante organizada -, Subupira - a 36 quilômetros de Macaco - e, ainda, Zumbi, Tabocas, Acotirene, Danbrapanga, Sabalangá, Andalaquituche...



GRANDE CHEFE ZUMBI - Uma crônica de 1678 dava conta de que os palmarinos eram 20 mil. O governador ia mais longe. Dizia que, na realidade, eram mais de 30 mil. Uma multidão de gente que, além de pôr em xeque o projeto colonial, ameaçava fisicamente a sociedade pernambucana. Era preciso esmagar Palmares, custasse o que custasse. A Coroa já tinha dado essa ordem em diferentes ocasiões.Havia, ainda, a questão do mito, que incomodava mais que qualquer coisa. Nos engenhos e senzalas, Palmares era sinônimo de Terra Prometida, e Zumbi, considerado imortal, era visto como seu guardião fiel e valente. Para destruir o quilombo, o poder colonial organizou dezesseis expedições oficiais. Quinze fracassaram.As montanhas pareciam intransponíveis. E o que as montanhas não faziam ficava por conta dos negros e de suas estratégias militares. O exército de Palmares era competente, embora carente de armas e munições. Tinha estabelecido seu quartel- general em Subupira, um povoado de oitocentas casas, todas elas cercadas de madeira, pedras e armadilhas. Chegar até Subupira era muito difícil. Superar os obstáculos e entrar na fortaleza, quase impossível.A tarefa de destruir Palmares foi confiada pelo governador de Pernambuco a Domingos Jorge Velho, um bandeirante paulista sem escrúpulos, especialista na caça aos índios e líder de uma tropa de renegados. Um bispo da época deixou escrito que Jorge Velho era um dos maiores selvagens com quem ele tinha topado. Comandava um pequeno exército de 2 mil homens, armados de arcos, flechas e espingardas.Em 1695, se preparou para a ação decisiva. Depois de ultrapassar mil barreiras, chegou a Macaco, descarregando contra a comunidade todo o seu poder de fogo e toda a sua raiva. A cidade resistiu durante 22 dias. Zumbi, depois de lutar bravamente, fugiu e se escondeu. Pôde ser capturado e morto só depois de ter sido traído por companheiros. A data: 20 de novembro de 1695. (Jõao Munari, p. 19)

Ataque aos Macacos



O Governador Caetano de Melo de Castro, armado de poderes extraordinário conforme o Alvará Real de 7 de Abril de 1693 para levar a guerra ao coração dos Palmares, e cercado dos melhores combatentes da capitania, dentre eles o grande Bernardo Vieira de Melo em Dezembro de 1693 iniciou os preparativos em Porto Calvo com o apoio das melhores e mais abastadas famílias de Olinda e de Recife, e em 16 de Janeiro de 1694 com o Mestre de Campo Domingos Jorge Velho no comando teve início a marcha das tropas para o Outeiro da Barriga e em 23 de Janeiro junto aos seus batedores Domingos Jorge Velho remeteu-se a um assalto contra posições de negros.



Da qual sofreu tremenda resistência dos comandados do Rei Zumbi deus e senhor da guerra que aparecia em todos os ângulos da fortificação que era precedida pela parte de fora, em toda a sua extensão de fossos, buracos, poços de água, paus de ponta aguçadas e trançados, enfim toda a sorte de empecilhos para os avanços inimigos que os palmerinos conseguiram arranjar na sua industria rudimentar, posta a serviço da guerra, a estimular com sua presença os destemidos defensores. Fracassado o primeiro ímpeto do ataque, Domingos Jorge Velho tomou a decisão de dispor as suas tropas ao centro da fortaleza sob o comando de Bernardo Vieira de Melo; a esquerda da estrada ficando Sebastião Dias e a direita da estacada Domingos Jorge Velho se colocou com a sua gente, desta maneira formou-se um verdadeiro cerco a cidadela negra em cujo interior sem alarido homens e mulheres se dispuseram a defendê-la a todo transe, sendo que os primeiros avançaram e alcançaram a cerca galgaram-na por meio de escada e bailéus para caírem nos tachos de água fervente colocadas pelos defensores do Rei Zumbi, encontraram mortes horríveis devido a ousadia de tão temerário avanço, os que se aproximaram foram repulsados pelas flechas e armas de fogo disparadas pelos palmerinos. Devido a resistência encontrada as tropas atacantes esmoreceram por um instante e retrocederam para não serem dizimadas pelos negros vigilantes. Desta maneira o ataque geral empregado foi sem resultado, onde as tropas atacantes perderam muitos dos seus combatentes, por este motivo o Capitão mor Bernardo Vieira de Melo diante da impossibilidade de um avanço geral e temendo uma sortida dos negros sobre sua gente, resolveu com os seus homens fazer uma estacada frente a frente à dos palmerinos em todo o seu setor e em pouco tempo a cerca do Rei Zumbi estava envolvida por uma contracerca dos portugueses.



E no dia 29 de Janeiro efetuaram o segundo ataque geral contra os palmerinos que com a mesma energia e a mesma ferocidade, defenderam a cidadela, obrigando as tropas do bravo Capitão mor Bernardo Vieira de Melo a recuar devido as sensíveis perdas e na ala esquerda as tropas do Sargento mor também sofrera duros reveses, não sendo totalmente desbaratada por ter sido socorrida pelas tropas do centro comandadas pelo Mestre de Campo Domingos Jorge Velho, que recuou vencido, desta dantesca batalha, sendo perseguido pelos negros que ao cair da noite desistiram do intento. O Rei Zumbi recompôs as suas legiões e determinou que os velhos, mulheres, inválidos e as crianças empregassem seus esforços na industria de guerra para defesa geral do mocambo, após a refrega que sofrera o Mestre de Campo Domingos Jorge Velho determinou que a cerca de pau-a-pique fosse reforçada para evitar uma sortida dos negros, trabalho este efetuado debaixo de fechadas e estrepes atirados pelos negros palmerinos furiosos e vingativos e a partir deste momento a vigilância dos portugueses teve que se dobrado, permanecendo atentos de armas nas mãos, contra qualquer ataque. Os assaltos a cerca do Rei Zumbi dos dias 23 e 29 de Janeiro de 1694 deixaram as tropas de Domingos Jorge Velho desfalcadas de muitos homens por este motivo o mestre de campo solicitou que fossem enviado para ele reforços de homens e artilharia, e estabeleceu o cerco total dos mocambos, impedido desta maneira que os negros tivessem contato com o mundo exterior do mocambo, pois deste modo venceriam os negros pela fome e pelo desespero. O Rei Zumbi sentia a falta de armas e munição, que não havia recebido durante este período de sitio, porém restavam-lhes o moral e o heroísmo, as únicas forças ainda intangíveis para antepor aos sitiantes, os negros sofriam as maiores privações possíveis, por este motivo estavam se convencendo que toda resistência seria inútil, a repulsa aos atacantes estava cada vez menos impetuosa, e quando Gabriel de Gois, bravo alferes do Terço de Infantaria do Recife chegou de Alagoas com os reforços mandado pelo Governador Caetano de Melo de Castro se dirigiu para o Outeiro da Barriga e conseguiu abrir a cerca do Rei Zumbi com diversos tiros de artilharia.



Quebrando-lhes o moral e abrindo passagens para as tropas sitiantes ao mando de Bernardo Vieira Melo e Sebastião Dias, a reação no interior da cidadela foi medonho, dantesca e terrível, devido a selvageria dos invasores por todas os ângulos da cidadela, com os dois lados se enfrentando corpo a corpo trucidando-se mutuamente e o baluarte resistindo bravamente protegido pela escuridão da noite, foi quando o Rei Zumbi reuniu as suas tropas na extremidade da cerca na ala da direita saltando do penhasco para a fuga, que levou de roldão as forças ali dispostas por Bernardo Vieira de Melo, escapando-se assim do cerco tenebroso de vinte e dois dias que foram impostos pelo mestre de Campo Domingos Jorge Velho. O desfecho inesperado que o Rei Zumbi dera ao sitio do Mocambo dos Macacos, precipitando-se do penhasco pela estreita faixa aberta na cerca, quando se vira perdido e impotente para conter pelas armas o ataque dos invasores, fora para os portugueses tão inopinado e brusco que eles não sabiam se faziam a perseguição aos fugitivos ou se entravam no Mocambo.



O heróico Zumbi preferiu lançar-se do penhasco a estender com os seus bravos comandados os pulsos as algemas do cativeiro, pois somente ele possuía o poder de fascinação de arrastar a tamanho sacrifico muitos homens dispostos a lutar, homens estes nascidos no magnífico altiplano da Serra da Barriga e ali criado e fascinados pela liberdade. Passados cinco meses da tomada e destruição da cidade negra dos Macacos e da espantosa mortandade dos negros que a habitava e a defendiam e do heróico protesto de Zumbi que se atirou no despenhadeiro com seus bravos guerreiros, os negros fugitivos ainda dispersos pelas matas e pelas furnas ou pelos alcantis das serras palmerinas não preferiam mais resistência, pois famintos e maltrapilhos, enfermos e desenganados de obterem a liberdade que tanto se bateram e lutaram durante tantos anos iam sendo aos pouco capturados pelos capitães do mato e seus índios. Rei morto, rei posto - sentenciaram os sobreviventes em demanda pela mata fechada na procura de outro sitio para instalação de outro mocambo, e segundo as ultimas disposições do grande rei morto na reunião que precedera à arrancada decisiva na orla do despenhadeiro! Surgirá outro grande Rei Zumbi, sobrinho do que havia morrido para continuar a guerra por mais alguns tempo, até ser traído por Antônio Soares, mulato de sua confiança. O novo Rei Zumbi, foi preso e morto pelas tropas de André Furtado em 20 de Novembro de 1695 e a sua cabeça foi enviada para Recife, onde foi exposta para servir de escarmento aos negros fugidos, por ordem do Governador da Capitania de Pernambuco Caetano de Melo de Castro.

Os Primeiros Quilombos



Foram formados em época incerta, não coincidindo com a entrada dos primeiros negros no Brasil por volta de 1538 e nem foram originários das raças importadas da África no primeiro século da descoberta, pois as numerosas tribos importadas da Guiné, representados por grupos étnicos importantes que foram distribuídos proporcionalmente pelas diversas seções regionais da colônia portuguesa, porque não era conveniente que se juntasse na mesma capitania um grande número de negros escravos da mesma nação, o que facilmente poderiam resultar em perniciosas conseqüências, no entanto tudo leva a crer que tais intuitos de separar as nações de negros se tivessem frustrado na pratica, pois na Bahia fortemente se fez sentir a ascendência dos Sudaneses, ao passo que em Pernambuco e no Rio de Janeiro prevaleceram os do grupo Banto.



Os primeiros quilombos, que a principio foram reduzidos, de poucos negros, muitos dos quais famintos, e doentes, que fugiam dos engenhos, das fazendas e dos eitos, só foram possível graça a associação que o negro efetuou com o índio, na causa da resistência a escravidão, e no século XVIII foi o de grandes protesto da raça africana, quando se formaram os maiores e mais tremendos quilombos que tantos apreensões causaram aos colonos e aos governos.



Alguns historiadores fixam a data de 1630 para o inicio dos quilombos constitutivos dos Palmares pela entrada e distribuição de negros escravos provenientes de Angola pertencentes a tribo Jagas que eram indomáveis e amantes da liberdade, pelas fazendas de Pernambuco e Alagoas. A razão preponderantes da formação dos quilombos no Brasil assentam-se na ferocidade atroz do colono dominante nos engenhos e nas fazendas, nos leitos e na mineração, protegidos pela mais brutal legislação negra que incluía os castigos, as penas e os maus tratos infligidos desde o momento de sua captura na África. Diversos fatos sociais tais como; de serem presos a correntes de ferro a um cepo, de trabalharem junto das caldeiras nos engenhos, de ser chicoteados para trabalharem, a alimentação e vestuário limitado, concorreram para acirrar o ódio entre o negro e o colono. O negro que chegava, era considerado como peça de trabalho, por mais abatido e rebaixado que fosse em sua dignidade, em sua vontade de liberdade, pela prepotencia de seu semelhante tendeu a sucudir o jugo, fugindo da sociedade que o acabrunhava e o esmagava, procurando a expansão de sua liberdade, em algumas vez em insurreições. O quilombo era sem duvida a ultima fase do protesto - pois o negro na sua aflição de liberdade, não sentia dificuldade nem hesitava em privar-se da vida para se livrar de seus sofrimentos infligidos pelos senhores e por isto só restava ao escravo a fuga para as montanhas, para os quilombos, para os ermos e para os antros e historicamente os Jagas da raça Banto que eram belicosos da tribo indomável do sobado do famoso N`gola Bandi, aprisionado pelos portugueses durante o governo de Luiz Mendes de Vasconcelos em Angola e mandados para o Brasil lhe cabe a paternidade do grande movimento palmerino já anteriormente iniciado com alguns negros desgarrados que seguiam para o Maranhão marchando dos centos da Bahia e pelos sertões a dentro de Caxias onde o africano ergueu as portas do grande sertão, uma cidade rica e prospera.



A região escolhida pelos negros aquilombados nas faldas da Serra da Barriga, no território de Alagoas, pela semelhança dos seus cômoros, colinas, montes, rochedo e sua flora e fauna dir-se-ia um pedaço de chão transplantado da África para lhes servir de abrigo das primeiras levas que por ali passaram acorrentados e voltaram os seus olhos para a região montanhosa que vinha desde o planalto de Garanhus no sertão pernambucano até as serras dos dois irmãos e do Bananal no município de Viçosa em Alagoas que compreendia as serras do Cafuchi, Jussara e Pesqueira, Comonati e da Barriga de terras virgens e extremamente fértil.



Cortada pelos rios Ipojuco, Serinhaém, Una em Pernambuco e pelos rios Paraíba, Mandau, Panema, Camaragibe, Porto Calvo e Jacúpe em Alagoas, com uma floresta povoada de arvores frutíferas e outras arvores excelentes para uso industrial, que cresciam em volta das palmeiras pindoba-palma attalea, pindoba, buriti-mauritia vinifera, catolé e inúmeros coqueiros de dendê- elaeis guineensis e no meio a essa mata se movimentava uma variada populçao animal onde puderam encontrar suas caças e pesca. Esta era a região abençoada o valhacouto dos negros palmerinos, na realidade era as matas das palmeiras às mais ricas e bonançosas de todas as regiões, cuja pujança convidava as raças oprimidas a se aquilombarem na formação do maior e mais renhido centro de resistência negra em todo o período colonial, e não foi um simples acidente geográfico e nem tampouco um campo de batalhas sangrentas que deu o nome a região de Palmares no altiplano da Serra da Barriga; foi a frondosa e grande Álea de Palmares que ali se estendiam, ululante e viçosa, magnetizada pela natureza portentosa dos trópicos, caprichosa na sua beleza e rica na sua fartura, onde se encontrava as titaras com suas guirlandes enfeitadas de espinhos galgando as arvores próceras, que mais tarde seria a coroa de espinho dos tombados em lutas feroz pela liberdade.



Todas as palmeiras desta floresta deram aos negros aquilombados os alimento para o corpo e para o espírito, material para seus tijupares de amor e seus palácios e fibras para suas roupagens e estrepes na construção de suas defesas tiradas de seus caules endurecidos e fibrosos. E se mais não dessem, deram na saudade da África um pouco de esperança na terra magnífica que delas recebeu o nome Palmares !

O Negro



Homem negro era uma continuação do meio na sua brutal grandiosidade geofísica, meio absorvente e bárbaro e na sua entomologia, a raça Bantu a mais adiantada, detentora das ricas terras do Congo e de Angola, caminhou a passos de gigante para a regressão em face dos usos e dos costumes de suas tribos e nações incapazes de absorver a civilização da raça branca para lá mandada pelos portugueses, tinha o culto da liberdade até extremos desconhecidos. Eram naturalmente anárquicos, não tinham união política entre si, e suas autoridades entre eles quase sempre eram tirânicas, absoluta e absorvente eram indisciplinados e desobedientes, por estes motivos foi fácil de serem vencidos em toda parte e em todos os tempos, esta raça robusta e por isto ela foi facilmente escravizada, podemos dizer-se que a nação de autoridade, só lhe veio depois do contato com a raça branca, depois que a rainha Ginga Bandi conseguiu tirar todo o partido das ações missionarias com o qual melhorou a sua raça em civilização e costume de crê-se que o espírito dessa formosa e famosa rainha tenha acompanhado um punhado de negros descendentes dos N`gola que foram vendidos para o Brasil e aquilombados em Mato Grosso e que fundaram o reinado negro de Quariterê, onde tanto sangue se derramou como em Palmares. E os costumes das tribos africanas em geral pareciam estar no ínfimo grau de desenvolvimento a julgar por alguns signos característicos destas habitações em cavernas porém tais exemplos não poderiam ser representativo da raça africana em regra geral.



Pois o negro já estava fixado no solo e já constituía a sua tenda e quase todas os títulos protegiam as suas aldeias por uma cerca de arvores de troncos grossos e no recinto fortificado construíam as tendas formadas de juncos e palmas de forma cônica com teto de palha, que não possuía divisões salvo as vezes as dos chefes da tribo.Os utensílios domésticos eram todos de madeiras e pedra que serviam de assento, os pratos eram de argilas, cuias, facas de pedra e de ferro, vasos para água e para o preparo da comida, algumas tribos dormiam no chão sobre palhas ou peles e algumas tribos construíam tarimbas.



A ordem domestica era perfeita pois cada tenda era ocupada por uma família onde o homem exercia a autoridade suprema do lar e na sua ausência era exercida pela primeira esposa, pois a poligamia era um costume em todas as tribos, e todo o trabalho domestico e nas pequenas lavouras ficava a cargo das mulheres, tanto os homens como as mulheres enfeitavam-se com muito capricho, particularmente da cabeleira, entre muitas tribos era costume se tatuarem e furar as orelhas, o lábio superior e o septo nasal.



Os homens cuidavam de preparar as terras para as grandes plantações, em algumas aldeias existiam as industrias pastoril, também a caça e pesca era atribuições parta os homens das tribos. Sendo a caça no interior da África um serviço fatigante e arriscadíssimo, demandando grandes esforços, agilidade e coragem e de todos os animais eles aproveitavam a carne, o couro e do elefante o marfim. Era muito raras as aldeias não terem em forno para fundir ferro e uma forja para fabricação de ferramentas, armas e artigos de uso comum, as armas que usavam era o arco e a flecha, a zagaia, a lança e o cajado nodoso, a antropofagia era usada por algumas tribos do interior e da costa ocidental, todos negros africanos tinham grandes conhecimentos das virtudes de muitas plantas medicinas e a sua medicina consistia no emprego destas plantas acompanhadas de muitos exorcismo.



Eram muitos supersticiosos e tinham, entre eles os adivinhos e os feiticeiros que eram venerados por todos das tribos, se tatuavam com desenhos significativos que constituíam-se de figuras de animação de plantas e de desenhos geométricos o desenho era indelével e feito no corpo humano em geral no peito e nos braços e as línguas eram todas aglutinantes e os usos e costumes sempre varriam de tribos para tribos conforme o seu grau de civilização e de caráter religioso, a concepção da arte nos povos negros não eram de ordem estética mas tão simplesmente religiosa, a idolatria foi o mais forte motivo da arte negra em conseqüência do meio bárbaro em que viviam e os brutais contraste que o cercaram desde o alvorecer de sua idade, o negro criou a arte segundo a sua emoção e essa arte e arte e é beleza porque representa o seu conhecimento de tristeza, a sua dor e o seu medo. A raça negra sempre tiveram grande pendor para as danças e a mais característica é o batuque, que o acompanhou na trajetória dolorosa de sua migração forçada para o cativeiro, e as suas danças consistiam num circulo formado pelas dançadores, indo para o meio de um preto que depois de executar vários passos, dava uma imbicada a quem chamava de semba na pessoa que escolhe entre as da roda, a qual ia para o meio do circulo substitui-lo.



Os instrumentos musicais eram mais guerreiros que de diversões e o principal deles era o tong-tong empregados nas solenidade de guerra, nas festas populares usavam o balafo muito usado na costa do ouro, tinham o berimbau, canzá, e o tambaque e estes instrumentos acompanharam os palmerinos para amenizar os seus sofrimentos e resistir as dores e aos desesperos.

A Escravidão



A origem da escravidão humana perde-se no tempo e se acha ainda oculta pela poeira dos séculos que envolvem a própria historia do homem sobre a terra. É a luz do saber humano ainda não se projetou sobre a primeiro escravo, se branco ou negro, se asiático, africano ou europeu.







Admite-se, todavia, que surgiu a escravidão do homem com as primeiras lutas e teve origem no direito da força que foi corporificando e se espalhando entre os homens isolados, destes às famílias, às tribos e por fim, às nações e aos estados organizados. A ferocidade do vencedor exaltada sobre o vencido fora a causa potencial da escravidão do homem desde a mais remota Antigüidade, desde os assírios, os egípcios, os judeus negros e romanos e bem assim os demais povos da mais alta Antigüidade, adotaram a escravidão e legislaram sobre ela, sobretudo os romanos que coibiram os abusos que se cometiam à sombra dos usos e costumes dos demais povos, estabelecendo princípios do modo de ser escravos , estes princípios constituíram um grande avanço em prol da liberdade humana, mas tarde duas poderosas forças vieram modificar os modos de ser escravos; o advento do Cristianismo e a evolução natural do direito.





O escravo era considerado como produto de venda era ou troca. No rosto mostra o sofrimento de dores e desgraças.



Foram criadas varias leis , as leis tinham disposições excepcionais que permitiam que os escravos sofressem torturas para fazerem declarações, as marcas de ferro quente, as mutilações de alguma parte do corpo, e a pena de morte estavam contidas no livro V das ordenações portuguesas, e ampliadas constantemente pelas Cartas Régias expedidas pela corte, para atender a cada caso, seja no engenho, nas minas. Por toda a parte havia tortura, penas e castigos horrendos impostos aos negros e os arsenais de tortura se multiplicavam com as Cartas Régias e as ordenações e os alvarás que não eram de liberdade e sim de sentenças condenatórias, e a imaginação humana esgotou os recursos na invenção de penas e tormentos que subjugavam os negros escravos, por isto criaram virasmundos, algemas, gargalheiras, cadeira ajustada aos pulsos e ao tornozelo, a pescoceira de ponta curva, a mascara de ferro, a focinheira, o açoite, a palmatória, o tronco chinês, o cinto com seu cadeado pendente, as letras de fogo que eram impressas na espádua do negro fujão e o libando era o que compunha o arsenal de dor, maceração, tortura e mortificação dos negros a serviço do senhor dono do escravo que comprava o negro escravo e desumanizava-o, para o tornar manso e obediente, as vezes eles preferiam matar o escravos, antes de lhe permitir uma reação, que se estendesse a toda a colônia. Matava-o quando se insurgia; e mutilava-o para purifica-lo, porém o branco era egoísta e tímido, pois necessitava de companhia que o seguisse para lhe resguardar pelos caminhos, sendo assim selecionava os pretos bons e fortes e os armava para sua segurança. A escravidão na África foi uma imitação da escravidão dos Mouros e Sarracenos, que cresceu, desenvolveu-se, agigantou-se e envolveu todas as grandes potências marítimas, que eram a Inglaterra, França, Espanha e Portugal e outras quase todas arrastadas pelas rendas que o mercado de escravo oferecia, a África por conseguinte, passou a ser o grande palco da escravidão do homem pelo homem e quando criaram-se hordas de penetração ao interior desconhecido para aprisionamento dos negros, em vez de missões civilizadoras, e para legitimar a escravidão negra criou-se o principio hediondo, imoral e mentiroso do resgate.





O homem foi transformado em mercadorias e classificados nas alfândegas como objeto de utilidade para pagamento de imposto de exportação.







E os primeiros negros introduzidos em Portugal constituíram, os fundamentos naturais da organização de empresas de transporte de peças e despertaram a cobiça de seu comercio rendoso e pela facilidade de aprisionar os negros em toda costa africana onde os maometanos faziam suas presas para trocarem pelos prisioneiros que os portugueses lhe faziam nas suas conquistas pelos mares afora, e as Ilhas da Madeira e as Ilhas Canárias tornaram-se o principal foco de comercio de escravos, que logo se propagou nos mercados de Lisboa e de Sevilha. Mouros, portugueses e espanhóis desfraldaram a bandeira de horrores em todos os rochedos da costa africana para a apreensão dos negros dispersos pelas orlas marítima, foi quando que os duzentos e trinta e cinco negros desembarcados no Algarves pelo escudeiro Laçarote em 1444 constituiu o prólogo que se ensaiava para ser levado no século seguinte, e estas apanha de negros tornou-se tão desumana e bárbara que os próprios governos interessados nela, se viram obrigados a tomar providencias para que as mesmas fossem mais humana, por isto provocaram algumas medidas dos poderes temporais romanos e para ameniza-la a igreja interviu desde o principio contra as barbaridades aplicadas aos negros invocando as leis divinas e naturais quando o Papa Pio II, em Bula de 7 de Outubro de 1462 o censurou, e com especialidade a redução dos neófitos da África à escravidão. A compra de escravos aos poucos foi se organizando, com aquiescência e apoio e proteção de todos os governos; a competição mais forte dava-se entre os especuladores da França, Inglaterra, Holanda e Portugal que com os novos descobrimentos haviam aumentado a extensão de terras aproveitáveis, e para elas eram necessárias os escravos, riqueza sem a qual a terra nada valeria, e de inicio as ilhas de São Tomé e de Portugal e outras do Golfo da Guiné, tornaram-se entrepostos do tráfico onde o negro se submetia a um certo aprendizado a estes entrepostos eram compostos de um pequeno forte destinado a proteger a mercadoria, de algumas casas para os contratantes e de vários barracões para abrigar as levas de negros que vinham do interior. No inicio os Mouros eram os intermediários entre os portugueses e os grandes fornecedores com o decorrer do tempo os entendimentos passaram a ser feito diretamente com os régulos em suas aldeias de onde os negros eram quase sempre caçados pelos próprios mercadores, mediante ao pagamento de um tributo junto aos régulos, os negros desde a sua apanha e durante o tempo de viagem eram conservados ligado uns aos outros com um pedaço de madeira semelhante a um bridão, amarrado à boca e em volta do pescoço ficavam presos a uma forquilha, com as mãos presas atrás das costas, amarrados por uma corda na cintura do condutor para evitar os gritos e fugas! Até a feitoria onde eram abrigados em barracões durante um certo período que se da o nome de refresco a espera de navios para serem embarcados, e as levas de escravos negros antes de serem embarcados para o novo mundo eram batizados pelo Bispo de Luanda e desta maneira ficavam os traficantes livre do pagamento de imposto, quando os se destinavam ao Brasil.

Os negros lutaram, mas a glória ficou com Isabel .



Em 1850, Eusébio de Queiroz motivou a lei contra o tráfico negreiro, entre outras coisas, pelo medo de o grande número de negros ( 3.500.000 para 1.500.000 brancos ) viesse a perturbar a ordem estabelecida. Queiroz chegou a propor a contratação de um exército de mercenários estrangeiros para manter submissos os escravos, pois os soldados brasileiros se recusavam a cumprir tal oficio. Na verdade, boa parte dos escravos estavam se insubordinando.



Em 1823, cantava-se nas ruas de Pernambuco:

Marinheiros e caiados,Todos devem se acabar,Porque só pardos e pretos,O país hão de habilitar ! Em 1821, os pretos ocuparam Vila Rica, após sangrentos combates, declarando sua liberdade e igualdades aos brancos.



Em 1849, em Queimados, Espíritos Santo, 200 escravos tentaram um levante, visando atingir todo o estado.



Lei do Ventre Livre - Em 28 de setembro de 1871 o governo conservador do Visconde do Rio Branco promulga a Lei do Ventre Livre. De poucos efeitos práticos, a lei dá liberdade aos filhos de escravos, mas deixa-os sob tutela dos senhores até 21 anos de idade.



Lei dos Sexagenários - Em 28 de setembro de 1885 o governo imperial promulga a Lei Saraiva-Cotegipe, conhecida como Lei dos Sexagenários, que liberta os escravos com mais de 65 anos. A decisão é considerada de pouco efeito, pois a expectativa de vida do escravo não ultrapassa os 40 anos.



Abolição no Ceará - A campanha abolicionista no Ceará ganha a adesão da população pobre. Os jangadeiros encabeçam as mobilizações, negando-se a transportar escravos aos navios que se dirigem ao sudeste do país. Apoiados pela Sociedade Cearense Libertadora, os "homens do mar" mantêm sua decisão, apesar das fortes pressões governamentais e da ação repressiva da polícia. O movimento é bem-sucedido: a vila de Acarape (CE), atual Redenção, é a primeira a libertar seus escravos, em janeiro de 1883. A escravidão é extinta em todo o território cearense em 25 de março de 1884.



O Brasil foi o último país do continente a abolir formalmente a escravidão mas, a liberdade veio mesmo por motivos econômicos.



Entre estes, os historiadores apontam a necessidade da criação de um mercado consumidor para os produtos industrializados, provenientes da Inglaterra. Os portos brasileiros foram, então, abertos aos imigrantes europeus, tendo sido permitido aos escravos alforriados, ou libertos, que retornassem à África.



Em 1888, a Princesa Isabel assinou a lei que abolia a escravidão. Lei Áurea - Em 13 de maio de 1888, o gabinete conservador de João Alfredo apresenta, e a princesa Isabel assina, a Lei Áurea, extinguindo a escravidão no país. A decisão, porém, não agrada aos latifundiários, que exigem indenização pela perda dos "bens". Como isso não acontece, passam a apoiar a causa republicana.Em 1899 partiu o último navio - " o Aliança " - levando de volta à África um grupo de ex-escravos. Uma criança que seguiu para a África naquele navio, Maria Romana da conceição, chegou a visitar o Brasil em 1963.



A lei Áurea não indenizou os escravos pelo trabalho realizado. Assim, abandonadas a própria sorte, a maioria caiu na miséria da mendicância e vão compor a camada mais miserável das classes populares .